*Foto: A fachada simples que esconde tesouros
Muito mais que jabuticabas, festivais e excelente gastronomia, Sabará, cidade pertencente à região metropolitana da capital mineira, esconde diversos tesouros e hoje, vamos falar da fantástica capela de Nossa Senhora do Ó.
Várias são as teorias, contudo sem registros, restam os mistérios que envolvem a decoração da Capela de Nossa Senhora do Ó na cidade de Sabará.
Construída entre os anos de 1717 e 1720 deve-se aos fiéis de Nossa Senhora da Expectação sua execução na região conhecida à época do ciclo do ouro como Sabarabuçu, onde foi fundado o arraial velho de Sabará no ano de 1700 pelo Bandeirante Borba Gato.
Uma das mais antigas igrejas mineiras, tem uma estrutura pequena e simples, com uma fachada pouco atrativa, porem um interior ricamente decorado, que tem atraído a atenção de importantes historiadores da arte, em razão, sobretudo, das chamadas chinesices.
Decoração com motivos orientais
Chinesice é o termo empregado para os trabalhos de pintores chineses que vieram nas naus portuguesas, provavelmente de Macau. Ao aportar no Brasil, alguns desses artistas procuraram trabalho nas igrejas - era a época do barroco no Brasil. A esses artistas chineses eram dados os arremates de painéis, rodapés de altares... Todavia, por ser trabalhos "de menor importância" ninguém vigiava, e esses chineses pintavam santos e anjos com olhos puxados, com características orientais. Até mesmo ideogramas, embora raros, costumam aparecer, sendo pois esta, uma das hipóteses para a decoração da Capela de Nossa senhora do Ó em Sabará.
Em outro viés, segundo estudo do arquiteto e pesquisador da arte mineira, Sylvio de Vasconcelos, a decoração do interior da capela foi inspirada na louça de Macau, largamente usada no Brasil naquela época, o que justificaria essa “orientalizarão” do acervo decorativo.
Independente das teorias que envolvem sua construção e decoração, a Capela de Nossa Senhora do Ó de Sabará é um dos mais importantes monumentos do período colonial brasileiro, marcado pelo estilo barroco acrescido desta “orientalizarão” misteriosa. Foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e é nas palavras de Sylvio de Vasconcelos "o próprio ouro das Minas. Por fora, cascalho rude; por dentro o mais valioso metal. Por fora posta em modéstias; por dentro esplendendo em belezas".
A esplendorosa decoração interna
Matéria de David Faria para o Jornal @espacohorizonte
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