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Degustando Vinhos por suas notas





Cada vez mais as pessoas que se interessam pelo vinho, participam de degustações, cursos de iniciação, provas de novos produtores que querem entrar e se fixar no mercado, começam a se perguntar como distinguir um vinho excelente de um bom, de um mediano, de um vinho medíocre, buscando entender a relação qualidade-preço, num mercado onde a cada dia mais e mais produtos novos vão aparecendo, criando uma idéia de que tudo está a favor do amante de vinhos.


A OIV (Organização Internacional do Vinho) indica que são lançados em média 600 novos rótulos por dia!


Na falta de maior relacionamento com os vinhos, muitos iniciantes começam a ler os rótulos, as impressões degustativas, as críticas e considerações de jornalistas e escritores sobre o tema e acabam se influenciando pelas notas atribuídas. Então uma pergunta começa a se formar na cabeça de cada um: – Será que um vinho que tem nota 89RP (sigla que designa o crítico Robert Parker) é pior do que um que tenha nota 90WS (sigla de designa a revista norte-americana especializada em vinhos Wine Spetator)? Será que todos os sistemas de classificação dos vinhos por meio de notas chegam aos mesmos resultados, são coincidentes, coerentes e honestos?


Um vinho que recebe boa classificação assume uma vida própria e se em safras seguintes confirmar seus predicados, seu sucesso será certo. Convenhamos, entretanto, que um sistema de classificação que distingue entre um Cabernet Sauvignon nota 90 e um que recebe 89 pontos implica uma precisão dos sentidos que a maioria dos seres humanos não possuem. Além disso, devemos ter em mente que as considerações sempre são subjetivas, de cada indivíduo que prova a bebida, e que um vinho pode agradar uma pessoa de forma especial e a outra de maneira comum. Transformar o subjetivo, advindo de uma avaliação às vezes rápida de um vinho, num fator objetivo, e às vezes oficial, é algo mágico como transformar o diamante em brilhante e que portanto requer experiência e cuidados.


Robert M. Parker Jr, o advogado norte-americano que se tornou um crítico de vinhos independente, introduziu o sistema de 100 pontos no mundo enológico em 1978, quando lançou um guia de compras de vinhos chamado “The Wine Advocate”. Até aquela época, era comum usar-se um sistema simples de cinco pontos (alguns usam 5 estrelas). Criar um sistema centesimal facilitou ao interessado em vinhos separar “o joio do trigo” num tempo em que o conhecimento sobre vinhos era restrito a certos grupos. Para evitar ser influenciado pelo nome ou a reputação de uma vinícola, Parker provava lotes de vinhos juntos, colocando as garrafas em sacos de papel e depois misturando-as e dando a nota a cada uma às cegas. Por esse sistema, um vinho de 96 a 100 é extraordinário, de 90 a 95 é excelente, de 80 a 89 é acima da média ou muito bom. Conforme a influência de Parker crescia, os varejistas começaram a citar os “Pontos Parker” em anúncios e outros materiais promocionais. Isso elevou o perfil dele e do “Wine Advocate” e inspirou outras publicações, ávidas para comercializar seus próprios títulos, a adotar a escala semelhante, de 100 pontos.

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Na Europa, além do sistema de cinco pontos ou estrelas ser usado, há a referência ao sistema de 20 pontos também. Copiando a ideia de que um aluno faz 5 provas ao longo do ano, para acumular no máximo 100 pontos, uma prova vale no máximo 20 pontos. Mas a conversão de um sistema de pontuação no outro não é tão simples. Por exemplo, a maioria das pessoas pensaria que um vinho de 17 pontos “valeria” 85 pontos no sistema de 100 pontos. Mas a conversão se faz diferente: multiplique a pontuação por 2,5 e some 50 pontos. Assim sendo na realidade, um vinho de 17 pontos terá nota 93 no sistema de 100 pontos, sendo um belo vinho a ser provado.


O boom do consumo de vinhos acabou por popularizar o sistema centesimal, mas na realidade, as notas numéricas pouco representam se não se levar em conta as notas de degustação respectivas. São elas que diferenciam os produtos analisados por aspectos visuais, aromáticos, gustativos e relativos à harmonia e evolução. São elas que permitirão ao amante de vinhos avaliar se aquele produto estará dentro de suas expectativas, interesses e desejos. Portanto, a melhor maneira de cada um escolher seus vinhos será tirando suas próprias conclusões.


Neste momento de pandemia, Belo Horizonte vive um período intenso de degustações, com as pessoas bebendo vinhos em sua casa. São oportunidades excelentes de desenvolver a experiência de provar vinhos separando cada um deles, independente de avaliações de terceiros e definindo as suas castas favoritas, produtores de qualidade, terroirs admirados e vendo que nem sempre as notas de vinhos são coincidentes ou coerentes.


Experimente, prove, as degustações às cegas são um grande caminho para você evoluir suas sensações e conclusões e ver como o vinho é vivo, dinâmico, sedutor e algo que não tem fim! Saúde !



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