Apoio da iniciativa privada às artes pode reduzir a desigualdade no acesso à cultura. Empresas como a Templuz buscam preservar o patrimônio artístico, estimular processos educativos e promover experiências culturais gratuitas.
Apesar da diversidade de atrações que o país oferece, especialmente as capitais, muitos brasileiros jamais foram ao teatro (59,2%), cinema (54%), museu e centros culturais (70%), segundo uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Pesam para esse cenário aspectos como preço do ingresso, distância e falta de espaços. Um levantamento do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC) do período 2009-2020, fruto de uma parceria entre o IBGE e o Ministério da Cultura, revela que apenas 6,6% dos municípios brasileiros contam com museus, teatros, centros culturais, cinemas, clubes, entidades, grupos ou coletivos culturais.
O apoio da iniciativa privada às artes pode ajudar a transformar essa realidade, garantindo um acesso mais igualitário ao patrimônio artístico e o sentimento de pertencimento a algo que promove o lazer, mas contribui para a formação do cidadão, o pensamento crítico e a reflexão. Empresas como a Templuz se propõem a fomentar a cultura no Brasil, como explica a lighting designer e gestora de iluminação do grupo Loja Elétrica, Lorena Mattos.
Obra Flores Por Gabriela Brasileiro Foto: Matheus Fleming
“A ideia de atuar com projetos culturais nasceu com a fundação da Templuz, há 17 anos. Faz parte da nossa estratégia a constante criação e o estreitamento de novos diálogos e conexões com a sociedade. Nossa primeira ação foi no Congresso Internacional de Decoradores e Design, quando expusemos a escultura de Dona Beja, feita pelo artista Geraldo Cézanne. De lá para cá, vieram dezenas de iniciativas, sempre gratuitas e abertas ao público, realizadas no interior da loja, como “A experiência do efêmero”, de Geraldo Cézanne, a série “Chanel do Sertão”, de Rogério Fernandes, e a mostra do arquiteto Gustavo Penna”, enumera Lorena Mattos.
Em pouco tempo, as ações culturais ultrapassaram as barreiras físicas da sede com a concepção do “Mural Templuz”, um museu de arte a céu aberto, que acaba de se transformar no “MUAD – Museu Urbano de Arte Digital”, o primeiro do país, para ampliar o acesso à cultura em um mundo transformado pelas tecnologias. O painel ocupa a fachada da Templuz, na avenida Nossa Senhora do Carmo, 1.150, por onde circulam diariamente 100 mil pessoas.
“O novo formato permite a modalidade tridimensional e abrange diversas linguagens das artes visuais, como fotografia, design gráfico, animação, vídeo-arte e performance, curta-metragem e vinhetas. A primeira temporada do MUAD traz as exposições “Memórias, vestígios e afetos”, da artista Gabriela Brasileiro, "Experimentações em animações: projeto de extensão da Escola de Design", para colaborar para a formação e difusão de pesquisas e trabalhos produzidos nos ambientes acadêmicos, e uma retrospectiva dos 12 anos em que o paredão recebeu mais de 100 artistas nacionais e de outros 12 países”, explica Camilo Belchior, curador do MUAD.
“O MUAD contempla ainda um site com todo o seu acervo e histórico, espaço para envio de propostas de artistas e acesso ao conteúdo exposto. Em breve será lançado um aplicativo com a réplica da tela e o áudio do que está sendo exibido em tempo real, a grade de programação da semana e informações sobre a obra e o artista”, acrescenta o curador.
Em todos os seus projetos culturais, a Templuz busca associar design, arte, educação e formação, o que não foi diferente quando passou a patrocinar, em 2012, a revista “iDeia Design”, disponível em suas plataformas digitais (site, aplicativos para Android e IOS e Instagram) e um dos principais veículos do Brasil de difusão do design e de disciplinas correlatas. “A publicação se consolidou como fonte de consulta de profissionais do setor e de estudantes universitários por se aprofundar em temáticas inerentes ao mercado e trazer reflexões da atualidade”, comenta Lorena Mattos.
Em 2015 a empresa criou em seu quarto andar o “Espaço Cultural Templuz”, projetado pelo arquiteto mineiro Eraldo Pinheiro, para receber pinturas, esculturas e objetos de design. E mais recentemente, em 2020, lançou seu próprio estúdio de design, o MOOS, para valorizar o design brasileiro.
“Ao fomentar essa diversidade de projetos culturais, contribuímos para a preservação e o desenvolvimento da cultura local, estimulamos processos educativos e proporcionamos acesso a eventos e atividades, a experiências enriquecedoras que geram bem-estar social. O patrocínio cultural também é uma forma de estabelecer uma conexão emocional com a sociedade e o nosso público-alvo, fortalecer a imagem e a identidade da marca e ampliar seu alcance de marketing”, declara Lorena Mattos.
Segundo a gestora de iluminação, os investimentos são viabilizados pela Lei de Incentivo à Cultura. “O aporte é possível porque a Lei Rouanet permite direcionar 4% dos recursos que seriam tributados para os projetos culturais, com isso ganham os artistas, o apoiador e a sociedade”, finaliza.
Comments