Mulheres podem levar até 10 anos para receber o diagnóstico de endometriose
Doença acomete cerca de 8 milhões de mulheres no Brasil e são esperados mais de 7 mil novos casos para o triênio 2023 a 2025
Cólica, dor pélvica, inchaço abdominal, náusea e fadiga são os principais sintomas da endometriose, mas o diagnóstico definitivo pode levar de cinco a dez anos, segundo um estudo feito por médicos do Instituto de Saúde Materno-Infantil Burlo Garofolo, da Universidade de Trieste e Universidade de Udine, na Itália.
Reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como um problema de saúde pública que impacta a qualidade de vida, a endometriose acomete 180 milhões de mulheres no mundo em idade reprodutiva e, destas, em torno de 4% são brasileiras.
“O diagnóstico costuma ser tardio porque os sinais podem ser facilmente confundidos com incômodos do período menstrual, e o quadro pode vir acompanhado de dor durante a relação sexual e menstruação irregular. É comum ainda mulheres descobrirem que têm a doença crônica quando estão tentando engravidar, visto que a endometriose avançada é uma das causas da infertilidade. Contudo, exames de imagem e videolaparoscopia são os métodos mais seguros para detectar a condição”, explica o Dr. Antônio Eugênio Motta Ferrari, especialista em reprodução assistida do Hospital Vila da Serra.
A endometriose ocorre quando o endométrio (tecido que reveste o interior do útero) se desenvolve e cresce fora do útero, na cavidade abdominal. O tecido pode se implantar no ovário, na superfície externa do útero, na alça intestinal ou em qualquer órgão pélvico, provocando dor, aderência e fibrose (cicatriz). Segundo o médico, o desconforto varia de intensidade e é sempre individual: “Há pacientes com grau leve a moderado que têm dores incapacitantes, o que reflete nas esferas profissional e pessoal, e há mulheres com um estado clínico severo que não sentem dor. Portanto, a abordagem terapêutica deverá ser individualizada”, informa.
O especialista esclarece que os tratamentos mais empregados e eficazes são “a cirurgia por videolaparoscopia para cauterizar os focos de endometriose e cortar as aderências, uso de pílula anticoncepcional de forma contínua, progesterona oral ou dispositivo intrauterino (DIU) de progesterona”, finaliza.
Endometriose e câncer de endométrio
Apesar de ambas se desenvolverem no endométrio, a endometriose não tem qualquer relação com o câncer do endométrio, como enfatiza o Dr. Ferrari. “A endometriose é uma condição benigna que pode afetar mulheres de diferentes faixas etárias. Já o câncer de endométrio é uma doença maligna, mais frequente na pós-menopausa, cujo sintoma frequentemente é um sangramento anormal”, descreve.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são esperados 7.840 novos casos de câncer do corpo do útero (endométrio) no Brasil para o triênio 2023 a 2025, e o diagnóstico precoce é determinante para o sucesso do tratamento. “A ultrassonografia anual da pelve cumpre um importante papel no rastreio de hiperplasias do endométrio e pólipos, ou seja, lesões que podem evoluir para um câncer”, aponta.
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