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Foto do escritorespaco horizonte

Muralista brasileiro brilha em Lisboa com Mural exaltando A Flora Local


Na pauta de hoje no Jornal @espacohorizonte, falaremos sobre o belíssimo painel contemporâneo, criado por Thiago Mazza , para o Festival em Lisboa.


Thiago Mazza, nasceu em 1984, em Belo Horizonte, Brasil. É graduado em Design Gráfico pela Universidade Estadual de Minas Gerais – UEMG. Autodidata em pintura, ele teve contato com graffiti em 2010 e depois começou a pintar paredes. Thiago aparece como um grande expoente do muralismo contemporâneo brasileiro. Possui participações em festivais em todo o mundo, como Artscape (Suécia), Vukovart (Croácia), UpFest (Reino Unido), Stenograffia (Rússia), IPAF (México) e CURA (Brasil). Seu trabalho dialoga com pintura clássica, arte de rua e arte contemporânea. Mazza traz a natureza para ele, a engenhosidade para transmutá-la e a arte de nos levar a ela.


Desde o último dia 03 de julho, a população de Lisboa pode apreciar as obras do MURO LX_2021. “O muro que nos (re)une” é o tema do festival este ano que se propôs a ser uma celebração da vida em sociedade pós isolamento. O único artista brasileiro convidado do festival português é o pintor mineiro Thiago Mazza. Em seu mural de 220m2, o artista criou um verdadeiro Jardim Urbano, só com flores locais.



Mazza conta que quando foi convidado pela Câmara Municipal de Lisboa para pintar no festival MURO LX, o principal festival de arte urbana da capital portuguesa, logo pensou em fazer suas plantas tropicais. Mas sua imersão na região de Ericeira por causa da quarentena obrigatória o fez mudar de ideia. Ali teve contato com a natureza da região, subiu montanhas e desceu ao mar catalogando todas as plantas que achava interessante, que despertavam a sua atenção seja pela cor ou pela forma. Por isso este mural foi um dos mais desafiadores da sua carreira. Ao invés do verde predominante com cores vivas intercalando, como é de costume nas plantas tropicais que pinta, em Portugal encontrou algo diferente, as cores são bem mais contrastantes, os campos se enchem de pontos amarelos, roxos, vermelhos. Acostumado a pintar folhagens densas, flores rígidas e grandes, o artista conta que se perdeu na quantidade de pétalas, espinhos e luzes que se formavam em uma única flor do campo. O verde tão presente em suas composições, ali no campo português é tímido e se mescla com o dourado e amarelo, portanto um mero coadjuvante que sustenta em seu topo uma explosão de cores e formas que são enaltecidas pela linda luz amarela do fim de tarde em Portugal.

Para o artista, de todas as plantas escolhidas uma é especial, a alcachofra selvagem, também conhecida como Cardo. Ela é representada no inicio e no fim do mural, em dois estágios de sua vida. Além da forma cheia de espinhos que cria incríveis contrastes de luz e sombra, essa planta tem uma história muito interessante. Manda a tradição que se queime a sua flor durante o Solstício de Verão, pois uma vez mergulhada em água fria voltará a florir. Das cinzas às cinzas, a alcachofra manifesta em si o eterno retorno, a negação da morte, a ressurreição.


Thiago Mazza é conhecido na cena mundial de arte urbana contemporânea por seu domínio na representação da fauna e da flora. Seu assunto atual de estudos são plantas tropicais, sua estrutura exuberante e densa folhagem. Inspirado no artista e paisagista brasileiro Burle Marx, Mazza cria verdadeiros jardins urbanos com plantas tropicais. A decisão de pintar a flora portuguesa no lugar das tropicais busca estabelecer um diálogo com o entorno e com o público e mostrar para a população local que a natureza da região é tão exuberante como qualquer outra. "Busco despertar sentidos e levar a natureza até as pessoas", afirma Thiago. “A minha intenção é que as pessoas valorizem a flora nativa e vejam como são bonitas as flores que crescem espontaneamente no campo, num lote vago ou até num quintal abandonado.”



Neste momento histórico de retomada das atividades e conscientização do impacto da humanidade sobre o meio ambiente e de necessária preservação da natureza, a imagem de sublime beleza natural que Mazza pinta dialoga neste contexto em que a arte pública pode e deve se transformar em conteúdo e estética no espaço urbano. O artista constrói através da sua pintura jardins no concreto, afetando a nossa perspectiva sobre a relação natureza e cidade. Seu processo criativo é sempre criar composições reais com plantas para levá-las aos muros de forma a apresentar um jardim que transcende a ação do tempo.


O festival MURO terminou no dia 11 de julho deixando um legado de pinturas e intervenções urbanas por três zonas do Parque das Nações, exposições e instalações na Gare do Oriente e no Centro Vasco da Gama.



Thiago Mazza


Instagram: @mazzolandia



Fotos: Thiago Mazza

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