Neste Dia Internacional da Mulher, convidamos você a conhecer um pouco mais sobre a trajetória de oito mulheres artistas notáveis que se destacaram no mundo das artes contemporânea e moderna.
Escolhemos mulheres brasileiras que, de alguma forma, foram pioneiras ou contribuíram para o desenvolvimento e a consolidação de expressões artísticas que são referências em todo o mundo.
A representatividade da mulher na História da Arte reflete a influência ideológica de cada período, e o papel da mulher nas várias épocas.
Obra de Anita Malfatti
Anita Malfatti nasceu em São Paulo, em 1889. Foi pintora, desenhista, gravurista, ilustradora e professora. Teve papel fundamental na introdução do modernismo no Brasil. Passou alguns anos na Alemanha, na época do expressionismo, que influenciou os traços do seu trabalho artístico.
Depois, mudou-se para Nova Iorque, onde aprofundou seus estudos em arte. Em 1917, de volta ao Brasil, reúne 53 obras com influências do expressionismo, cubismo e futurismo, e realiza a Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti, um marco para o modernismo no Brasil. Em 1922, também exibiu obras na Semana de Arte Moderna.
Principais obras: O Homem Amarelo (1917), Tropical (1917), A Boba (1916).
Obra de Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral foi outro importante nome do modernismo brasileiro. Nascida em Capivari (SP), em 1886, teve seus primeiros contatos com a arte na Espanha, onde fez o colégio normal. A partir de 1917, começa a estudar arte mais formalmente e, ao voltar ao Brasil, em 1922, aderiu ao modernismo.
Junto a Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, compôs o Grupo dos Cinco, embora não tenha participado da Semana de Arte Moderna. Tarsila do Amaral também foi uma das cabeças à frente do Movimento Antropofágico, corrente de vanguarda que marcou a primeira fase modernista no Brasil.
Principais obras: Abaporu (1928), Operários (1933), A Cuca (1924).
Obra de Zina Aita
Pintora, desenhista e ceramista, Zina Aita nasceu em Belo Horizonte, em 1900. Filha de imigrantes, residiu em Florença entre 1914 e 1918, e estudou na Accademia di Belle Arti di Firenze.
Em seu retorno ao Brasil, realiza a primeira mostra individual, em sua cidade natal, no ano de 1920. Assim, foi considerada a precursora do Modernismo em Minas Gerais. Também participou da Semana de Arte Moderna de 22. Na mesma época, fazia ilustrações para a revista Klaxon, em um estilo que passeia pelo art nouveau e o pós-impressionismo.
Principais obras: Homens Trabalhando (1922), Jardineiro [Mulato] (1945), Friso (1928).
Obra de Lygia Clark
Pintora e escultora contemporânea, Lygia Clark era natural de Belo Horizonte (1920). Suas grandes inovações vieram em alguns conceitos propostos por ela, como a desmistificação da arte e do artista e a desalienação do espectador, que, em sua visão, compartilha a criação da obra.
Ela se autointitulava como “não artista” e foi uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto. Em 1959, participou da 1ª Exposição Neoconcreta, no Rio de Janeiro. O movimento neoconcreto defendia a arte para além de um mero objeto geométrico: a expressão tem sensibilidade e subjetividade.
Principais obras: Bichos (1965), Casulos (1959), Máscaras Sensoriais (1967).
Obra de Lygia Pape
Lygia Pape foi uma escultora, gravurista, pintora, cineasta, designer e docente. Natural de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro (1927), a artista se destacou no uso de linguagens híbridas e na experimentação artística, com uma obra pautada pela liberdade e a incorporação do espectador como agente de suas criações.
Nos anos 1950, participou da formação do Grupo Frente, um marco no movimento construtivo das artes plásticas. Também assinou o Manifesto Neoconcreto e teve importantes contribuições no cinema novo.
Principais obras: Balé Neoconcreto I (1958), Composição (1955), Roda dos Prazeres (1968).
Obra de Maria Martins
Maria Martins nasceu na cidade de Campanha, em Minas Gerais, em 1894, mas desenvolveu sua carreira artística no exterior, já que era casada com o embaixador Carlos Martins. Com projeção internacional, se expressava por meio da escrita, da gravura e do desenho, mas foi na escultura que ela ganhou destaque.
Com estilo surrealista, ela foi uma figura singular no modernismo brasileiro e colaborou com a organização das primeiras Bienais Internacionais de São Paulo e na fundação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Principais obras: Salomé (1940), O Impossível (1940), Cobra Grande (1942).
Obra de Maria Auxiliadora
Nascida em Campo Belo, em 1938, Maria Auxiliadora foi uma pintora autodidata. Iniciou sua produção artística em 1954, com obras que se situam entre a arte ingênua (arte popular espontânea) e a art brut (arte livre de estilos oficiais). Em 1968, liga-se ao grupo de Solano Trindade e realiza sua primeira mostra individual.
Mulher negra, Maria Auxiliadora retratava em suas pinturas danças populares, cenas de carnaval, do campo e das cidades, além de outras temáticas afro-brasileiras.
Principais obras: Colheita de Flores (s.d), O Almoço (1970), Capoeira (s.d).
Obra de Fayga Ostrower
Embora tenha nascido na Polônia, em 1920, Fayga Ostrower se naturalizou brasileira. Ela veio para o país com 14 anos e aqui construiu sua carreira artística. Foi gravurista, pintora, desenhista e ilustradora, além de teórica da arte e professora. Estudou Artes Gráficas na Fundação Getúlio Vargas e, em 1955, foi a Nova Iorque, para estudar na Fulbright.
Fayga realizou uma série de exposições no Brasil e no exterior, mas seu grande destaque foi na carreira acadêmica e teórica. Presidiu associações brasileiras de artes plásticas e publicou vários livros sobre artes plásticas e processos criativos.
Principais obras: 9307 (1993), Universos da Arte (Editora Campus, 1983), A Sensibilidade do Intelecto (Editora Campus, 1998 | vencedor do Prêmio Literário Jabuti, em 1999).
Para saber mais sobre essas e outras mulheres notáveis da arte contemporânea e moderna, participe do Encontros com o Patrimônio Mulheres Artistas: uma reflexão sobre a autoria feminina na História da Arte, que será realizado no dia 28 de março, às 11h, por meio de transmissão virtual ao vivo, com a partipação da professora Rita Lages (EBA/UFMG).
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