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Retrato de Aleijadinho ganhou lugar de honra no Palácio da Liberdade

       


Entronização Aleijadinho Palácio da Liberdade  -  Foto Leo Bicalho
Entronização Aleijadinho Palácio da Liberdade - Foto Leo Bicalho

 

Entronização do patrono das Artes no Brasil na Sala dos Grandes de Minas, nesta quarta-feira (20), Dia da Consciência Negra, representa um marco histórico para o estado

   

Dia 20 de novembro, data que marca o primeiro feriado nacional dedicado ao Dia da Consciência Negra, Minas Gerais protagonizou um momento histórico de reconhecimento e valorização.


Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho – patrono das Artes no Brasil e maior expoente da arte barroca nas Américas –  foi entronizado na Sala dos Grandes de Minas, no Palácio da Liberdade, ao lado de ícones como Santos Dumont, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e Tiradentes. A iniciativa foi do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo. É a primeira vez que um negro é homenageado com tal distinção, reafirmando a importância de Aleijadinho na construção da identidade cultural e artística do Brasil e das Américas.


A obra, reconhecida como efígie oficial de Aleijadinho pela Lei nº 5.984, de 1972, é um óleo sobre tela de Euclásio Penna Ventura, produzida no século XIX. A entronização do retrato de Aleijadinho na Sala dos Grandes de Minas é muito mais do que uma homenagem. É um ato de reparação histórica e celebração de sua genialidade, colocando-o ao lado de grandes nomes que moldaram a trajetória do estado e do país. Sua inclusão simboliza o reconhecimento de que a história de Minas Gerais é inseparável da contribuição dos povos negros e de sua arte, cultura e resiliência.



Entronização Aleijadinho Palácio da Liberdade  -  Foto Leo Bicalho
Entronização Aleijadinho Palácio da Liberdade - Foto Leo Bicalho


Durante a cerimônia, o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira, ressaltou a importância do legado de Antônio Francisco Lisboa. 


“Está faltando o povo negro aqui nessa sala, no Palácio da Liberdade. E nós, por muitos anos, esquecemos que Aleijadinho representa a própria cultura e identidade brasileira, na medida em que é mestiço, filho de um português e de uma negra escravizada. E é o negro Aleijadinho quem instaura, no século XVIII, nas Américas todas,uma grande escola de arte, trazendo o povo negro as feições negras para sua obra. As obras de Aleijadinho são o primeiro monumento nacional declarado pelo então Serviço Nacional do Patrimônio Histórico, que depois se transformaria no IPHAN. Congonhas, Ouro Preto, Minas Gerais inteira tem marcado seu legado”, destacou Oliveira.


O evento também foi um marco cultural no Palácio da Liberdade. Além das falas que enaltecem o papel do Aleijadinho na formação da identidade brasileira, a solenidade contou com apresentação do Coral Vozes de Campanhã, do Quilombo de Justinópolis, em Ribeirão das Neves. O Dia da Consciência Negra ganha, assim, uma nova dimensão em Minas Gerais, como uma data de reflexão e exaltação dos talentos que, apesar de apagados por muitos anos, deixaram marcas eternas na história.



Entronização Aleijadinho Palácio da Liberdade  -  Foto Leo Bicalho
Entronização Aleijadinho Palácio da Liberdade - Foto Leo Bicalho


Aleijadinho no panteão


Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho, nasceu em Ouro Preto, em 1738, filho de uma escravizada e de um mestre de obras português. Apesar das adversidades de sua época e de uma grave doença que lhe deformou o corpo, Aleijadinho transformou a dor em arte, criando um legado que transcende séculos. Ele fundou a primeira escola de arte barroca das Américas no século XVIII, desafiando preconceitos e abrindo caminhos para artistas e artesãos negros.


Sua obra-prima, os Doze Profetas de Congonhas, integra o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1985. Aleijadinho não é apenas o maior artista barroco das Américas. Ele é um símbolo de resistência, superação e da profunda conexão entre arte e espiritualidade. Sua obra transcende o tempo, reafirmando a força de um povo e sua capacidade de transformar adversidades em beleza eterna. 


Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, ao lado de heróis e visionários que moldaram Minas Gerais, o retrato do Aleijadinho será um lembrete perene da riqueza cultural e do poder transformador da arte.


Fotos: Leo Bicalho

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